quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Poema 'Índio Nanquim', sob a epígrafe de Cassiano Ricardo

Mas tu, ó teu menino
que fui, onde estarás?
Cassiano Ricardo*

Quem me dera tornar a ser aquele índio nanquim
Marchando soldado com a espada de papel
E nas mãos o mastro da bandeira:
O palito de um frutilly.

Ah, meus quantos anos de idade...
Será que ainda estou guardado
Dentro da aurora perdida fora do tempo?

Será que ainda espreito dentro do olhar
daquele índio menino pesado
de carregar na bochecha pintada
a tarefa de ter (de ser a) esperança?

Estará aquele soldadinho de jornal
tão fora do tempo que poderá,

somente na nudez dos sonhos, me resgatar?

Na cegueira das horas, na insensatez da construção de um novo mundo,
Aquele menino,
Sob um céu repentino, me encontrará?


* O menino desaparecido, de Cassiano Ricardo. Em Antologia Poética, p.164-166, 1964 e em Montanha Russa, 1960.

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